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Quinta do Conde, Sesimbra, Setúbal, Portugal
Fundado em 5 de Outubro de 2000

MESTRE LOPES

Quando chegou à Quinta do Conde encontrou dificuldades e sacrifícios. Foi um dos pioneiros na aventura de construir uma vida nova num local que não tinha quase nada. Não desistiu, acreditou, lutou, e um dia a sorte bateu-lhe à porta. O retrato de um homem carismático que gosta de ajudar e que faz da amizade uma forma de vida.



Nasceu próximo de Alcoutim, no interior do Algarve, há 59 anos, mas com pouco mais de 20, no dia 16 de Agosto de 1974, mudou-se “de armas e bagagens” para a Quinta do Conde. Quase quatro décadas depois, António Mestre Lopes, conhecido apenas por Mestre Lopes, está envolvido na organização de várias atividades na freguesia e é o principal mentor do convívio anual que junta os “pioneiros” da localidade, designação dada aos mais antigos moradores. Assume que optar pela Quinta do Conde foi um verdadeiro desafio: «fui caçador durante muito tempo e vim para aqui apenas com alguns haveres, incluindo a minha arma de caça, embora sabendo que, na altura, ia encontrar pouco mais do que terra e mato», recorda.
Mesmo assim, e apesar de ter melhores condições de vida em Almada, onde vivia, decidiu que a Quinta do Conde seria, se tudo corresse bem, a sua morada definitiva.
Nos primeiros tempos passou por muitos sacrifícios. «Trabalhava na Lisnave, juntamente com quatro amigos, também eles residentes na Quinta do Conde», explica. «Íamos e vínhamos juntos quando os turnos coincidiam. Por vezes isso não acontecia e tinha de fazer o caminho a pé sózinho, desde a Estrada Nacional 10 até casa», lembra.
Por vezes, o percurso era feito às duas e três da madrugada, pelo meio do mato, às escuras, e com alguns sustos, como chegou a acontecer. «O pior era nos dias de pagamento do ordenado», confessa. «Cheguei a transportar o dinheiro do salário nas peúgas, tal o medo que sentia».
Em casa esperavam-no diariamente outras dificuldades: «Não havia água canalizada como hoje e tínhamos de ir buscá-la em garrafões, por estradas de terra, porque não existiam vias pavimentadas», revela. «Nem sequer distribuição postal havia nos primeiros tempos».
Hoje, à distância de 37 anos, Mestre Lopes lembra estas e muitas outras dificuldades que teve de enfrentar juntamente com a família.
Mas um dia, a sorte bateu-lhe à porta. «Preenchi o boletim do totoloto a uma terça-feira e deixei-o no tabliê do carro até à sexta», conta. «O papel já estava amarelo do sol, porque já nem me lembrava dele, mas no final do dia lá o fui registar».
Mal sabia que essa decisão iria alterar-lhe a vida por completo, pois acabaria por acertar em seis números e no prémio máximo, quase 32 mil contos.
Foi dinheiro suficiente para abrir o primeiro ginásio com máquinas da Quinta do Conde,
que ainda hoje é um dos mais conhecidos na freguesia. A administrá-lo está a sua esposa.
«O que ela fizer está aprovado», afirma, numa prova de confiança inabalável. «O dinheiro deu-me também a possibilidade de cumprir o sonho de ajudar outras pessoas», refere, garantindo que o faz de alma e coração todos os dias, e não apenas na época natalícia. Desde que se reformou tornou-se ainda mais interventivo, tendo sido responsável pela organização de vários convívios, dos quais se destacam o Almoço dos Pioneiros, a iniciativa Amizades na Quinta ou o recente Festival do Caracol.
Comum a todos está a sua paixão pela gastronomia. «Considero-me um bom garfo e gosto de cozinhar, principalmente caça, embora o meu prato preferido seja caldeirada», confessa.
Em 2009 abraçou outro desafio: ser autarca na Junta de Freguesia da Quinta do Conde. À beira de completar 60 anos, António Mestre Lopes continua a demonstrar uma energia invejável e ideias não lhe faltam. Afinal, como diz o ditado, “quem corre por gosto não cansa”.

Fonte : Sesimbra Município

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