POEMA
Para matar pedaços do passado
Minha velha Sesimbra percorri
Cansei de a visitar por todo o lado
Mas, porém, do passado nada vi.
O morro do Caneiro, como cresceu,
Como o tempo e progresso o transformou!
Somente o mar azul da cor do céu,
Ali, posso afirmar, nada mudou.
A baía sem barcos, que tristeza!
Como estava despido o velho mar,
Até julguei ouvir a Fortaleza
Roída de saudades, a chorar
Fui visitar o Pátio das Cantigas,
E o largo de Bombaldes: que diferente.
Nas ruas, turbilhão de raparigas,
Multidão agitada, indiferente.
Sesimbra, a bela vila onde vivi,
Como mudas e cresces dia a dia:
Outras gentes tomaram conta de ti
E mataram teu encanto e poesia.
Poema escrito por Mário
Regalado, num dia de regresso a uma Sesimbra já diferente daquela onde vivera,
oferecido a Júlio Silva, e que este, com a sua prodigiosa memória, declama com
mal contida emoção.
Pátio das Cantigas: ficava na
rua de Alfenim (31 de Janeiro)
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